11 de setembro de 2015

A Música mexe conosco, por quê?

“O ritmo tem algo mágico; chega a fazer-nos acreditar que o sublime nos pertence.”
 (
Johann Goethe)

Os efeitos causados pelo som no ser humano são de conhecimento geral. Em todas as culturas existe a consciência de que o som influi de alguma forma no comportamento humano. É comum em nossa sociedade ouvirmos falar que a música clássica acalma, que alguma outra música como, por exemplo, o axé é dançante, ou que algum outro tipo de música pode ser estressante para algumas pessoas. O mesmo acontece com os sons “não musicais”. O som de uma sirene provoca no motorista uma reação de alerta, enquanto o som de águas de uma cachoeira pode trazer uma sensação de profundo relaxamento. Esses inúmeros efeitos do som sobre o homem são estudados profundamente pela neuropsicoacústica.

Sabemos que o processo da escuta passa não somente pelo aparelho auditivo, mas que os impulsos sonoros recebidos nesse sistema são decodificados pelo sistema nervoso central, que é onde ganham sentido aos seres humanos. Nesse processo, os sons acabam por estimular diversas áreas do cérebro, e então despertar inúmeras sensações e respostas físicas e/ou emocionais.

Partindo desse raciocínio, é possível estabelecer uma relação entre estímulo sonoro e as respostas no nosso organismo sejam físicas ou emocionais - campo de estudo e aplicação da Musicoterapia. Esse estudo envolve questões de grande complexidade. Entre essas questões está a dificuldade em estabelecer padrões de resposta, já que um mesmo estímulo sonoro pode conter significados diferentes para indivíduos diferentes. Estamos falando então que a resposta ao estímulo sonoro passa por questões diversas, desde cultura, aprendizado social até questões pessoais, que vão de traços de personalidade até vivências traumáticas, etecétera.

Felizmente, está comprovado que alguns padrões de estímulo e resposta podem ser mantidos em relação aos sons. Estes padrões têm relação com elementos sonoros e musicais. Um exemplo é a associação feita entre sons graves e reações de sonolência ou relaxamento (claro que dependendo nessa situação de outras variantes, como a intensidade desse som e o contexto em que ele é aplicado).

Esse exemplo pode ser visualizado com uma sala de aula em que existe um aparelho de ar condicionado, que emite constantemente, mas em baixa intensidade, um som grave. Muitos alunos vão se pegar em forte estado de sonolência durante a explanação do professor, sem saber o motivo dessa sensação. De repente o aparelho é desligado, e têm-se uma repentina sensação de alerta, e o estado de vigília volta ao normal.

O exemplo acima demonstra uma situação em que houve um padrão geral de resposta ao estímulo sonoro. Outros padrões gerais podem ser estabelecidos também em função de outros elementos sonoros ou musicais.

Podemos citar entre eles padrões em relação à:
1) Altura (sons graves, médios ou agudos),
2) Intensidade (sons fracos ou fortes),
3) Duração e ao ritmo (periodicidade do som e organização temporal),
4) Estrutura (intervalos musicais, harmonias, tipos de escalas ou modos musicais usados, contrapontos).

Vejamos então, tanto a música quanto o som, uma vez que causam padrões generalizados, ou não, de respostas físicas e psíquicas, podem ser considerados instrumentos causadores de cura ou patologias.

Aqui entra o instrumento de trabalho do musicoterapeuta. É importante ressaltar que, antes de tornar-se instrumento de terapia para esse profissional, o som deve ser em primeiro lugar instrumento de pesquisa.

Ao contrário do que se possa imaginar, o som (musical ou não) que pode ser um aliado à saúde pode também ser um vilão. Nesse momento, o musicoterapeuta deve estar preparado para conhecer a fundo seu instrumento de trabalho (o som), e principalmente o indivíduo a quem se destina o tratamento. Um estudo mais amplo e profundo nesse campo poderia, quem sabe, estabelecer padrões mais concretos de respostas do sistema nervoso em relação ao som.



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